A vida é sua ou você é ESCRAVO?

Axel Doctorine
3 min readJun 13, 2019

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O quê que te faz pensar que não tenho esse direito? O quê que te dá tanta confiança para afirmar que, tão certo como o sol nasce no Este, eu sou estranho e “deveria agir mais como os outros”? Quem foi que decidiu que existe uma forma “correcta” de sermos nós próprios? Se somos todos diferentes porquê que temos que passar a nossa vida toda a tentarmos ser iguais uns aos outros ou, em alternativa, passá-la a enfrentar os olhares e julgamentos de todos os que veem nas nossas escolhas peculiares e individuais vários “terríveis” e “abomináveis” desviares do “caminho certo”, quando esse caminho é nada mais do que o caminho já trilhado milhões de outras vezes?

Haverá assim tanto mal em um ser humano de mais de 55 anos se vestir como bem entende, mesmo que a roupa que escolheu o faça parecer uma “criança”? Qual o grande problema de uma mulher ainda cheia de vida usar calções quando sai de casa? Mulheres de mais de 60 anos devem “se dar ao respeito”? O que significa “se dar ao respeito”? Será que significa sentir calor e o desconforto acompanhante debaixo do sol castigante de Luanda durante a época da chuva? Ou talvez, signifique trabalhar uma vida inteira muitas vezes sacrificando os seus sonhos e desejos em prol dos seus filhos, família e sociedade, apenas para na dita “sobremesa da vida” não ter nem a liberdade de usar aquilo que a faz sentir mais confortável dadas as circunstâncias?

Até que ponto o nosso ponto de vista é mesmo só nosso? Até que ponto estás livre para pensar, sonhar e desejar como queres, do teu jeito pessoal, dentro de todas as infinitas possibilidades que o Universo (e Deus, para muitos) te oferecem? E se sabes que não estás completamente livre, que és influenciado pelos média e pela opinião e informação que circulam pela sociedade e pelo mundo, porque não te tentas libertar? Porque reconheces esse facto e escolhes viver nele apenas por medo do que os outros vão pensar? E se não consegues, lutas contra, e não encorajas, quem todos os dias tenta?

Não seríamos todos mais belos, felizes e realizados se todas essas correntes e restrições caíssem? Se as largássemos todas? Se o peso delas não mais nos impedisse de voar?

Para alguns, a vontade de tentar surgiu há alguns anos e a dor de não o conseguir alcançar é tão grande que a tendência é a mesma da maioria dos seres humanos — mascarar o que sentimos e seguir em frente sem irmos à raíz dos nossos problemas.

Para outros, a vontade já existe há muito mais tempo e a luta continua há anos suficientes para já não se incomodarem tanto, embora ainda sintam o cansaço dos seus esforços diários.

Uns, relativamente, muito poucos outros quase que nasceram incapazes de fazer mais do que falhar nas suas tentativas de serem tão gloriosamente chamados de “normais” e… Ou já não estão entre nós, ou assumiram a sua “estranheza” e hoje usam-na como Armadura para viverem a sua vida do jeito que sentem, querem, pensam ou intuem ser a melhor para si mesmos. E apesar destes talvez serem os mais mal vistos, quem sabe até as ovelhas negras das suas famílias, provavelmente são também aqueles com maior potencial para serem realmente felizes na vida. Em corpo, mente e alma…

No final das contas, a escolha é sua e de mais ninguém. Mas, pelo menos, esteja consciente de tudo que está em jogo e de todas as influências a que estamos sujeitos, quando tomar a sua decisão, mesmo que ela seja continuar a ser escravo…

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Axel Doctorine

Médico Generalista a trazer maior Consciência para uma Saúde Integral (Mente Sã, Corpo São, Espírito São) — Luanda, Angola